Dualidade

"Que meu peito seja um campo aberto, onde possam pastar, 
saciar-se e galoparem apenas as centelhas do bem e que 
não prospere o mal, na ausência de zelo ea tenção de fortuitas manhãs."

(à maneira de um evangelho ou de uma orientação doutrinária)

Não vos surpreendeis nem vos entristeceis, se por acaso vós encontrardes o mal escondido em algum canto obscuro de vosso coração.

Ao contrário, apressai-vos em identificá-lo, então combatei-o, sufocai-o, matai-o por inanição e, ao final, orgulhai-vos por tê-lo derrotado!

Sim, o mal e o bem coabitam em vosso íntimo e somente sobrevive e revigora-se aquele que for regularmente alimentado.

Oração dos bons atos

Antes de proferir a oração das palavras, que vossos dias sejam coroados pela oração dos bons atos.

Que a mecânica do dizer tenha menos intensidade do que o anseio de fazer o bem que há de brotar de vossos corações.

Praticai, pois, o evangelho de fazer o bem e muitas vezes as palavras cumprirão apenas uma mera redundância.

Vários corações para uma dor

"A dor solitária é mais perversa do que a soma de dores 
de todos os corações ligados pela mesma causa."

(à maneira de um provérbio ou de uma orientação doutrinária)

A dor de um, que é comum a vários, é como se fosse um elo. O entrelaçamento e soma de todos esses elos, torna forte a corrente de ligação entre os corações afetados.

Já aquele que sofre solitariamente, experimenta o desconforto da vulnerabilidade e o amargor do desaconchego.

Que tenhais a sensibilidade e compaixão de orardes pelos infortúnios dos solitários e desconhecidos, para que, no plano superior, vossas orações possam encontrarem-se em uma corrente de amparo e aconchego a diversos corações que experimentam o açoite do vento gelado das aflições solitárias.

Arte & Ofício de perdoar



No campo de vossa memória, pasta o rebanho de todas as faltas que foram cometidas contra vós.

Embora deva ser firme como o ferro, que vosso perdão não seja incandescente nem tenha o calor da brasa e que não seja usado para marcar o pelo de vossas contrariedades.

Porque a marca é a marca e, ainda que cicatrize, rompe com dor a retina do esquecimento.

Que seja vosso perdão sereno como a brisa, mas denso o suficiente para cobrir-lhe a visão sobre todas as coisas que vos afligem.